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AMAR É COMPLICADO?


Com frequência escuto que amar é complicado. Homens. Mulheres. Porque se fica mais vulnerável e depois há um aproveitamento egoísta desse sentimento e, no fim, acaba-se por sofrer por nos termos envolvido demasiado e baixado as defesas, que se julga impedirem qualquer tipo de dor. Amar chega a ser assustador ao ponto em que numa relação nova se espera que o outro seja o primeiro a dizer "Eu amo-te", para que essas palavras depois possam sair da nossa boca, mesmo quando há muito que as desejamos dizer olhando nos olhos da pessoa que gostamos. Nas relações com mais tempo, as pessoas vão deixando de verbalizar o que sentem, até sentirem o constrangimento ou o despropósito de dizer "Eu amo-te". Assim, amar é complicado.


Por outro lado, a tendência de estar com alguém enquanto faz sentido, leva-nos para relações temporárias, mais superficiais, com menos partilha, em que os projetos individuais não deixam espaço a um projeto em comum. Reforça-se a convicção que não é possível gostar de alguém durante muito tempo, sem cair na rotina, na monotonia, na estagnação. Assim, amar é complicado.


Propaga-se, pois, a tendência de nos conectarmos em vez de amarmos, apesar de persistir a vontade de encontrar um grande amor, o tal que continua a ser história de filmes que vencem Óscares e das séries populares da Netflix. Se desejamos fazer algo, temos de fazer ou a vida vai perdendo verdadeiro significado. Amar não tem de ser complicado. Seguimos, então.


Um único pressuposto para saber amar: Ama o outro, como a ti próprio. Uma boa notícia: não se encontra o amor, sente-se. Não é complicado amar, quando compreende a natureza desse sentimento. Amar é sentir alegria e confiança.


Vamos olhar de relance para a fórmula:


Alegria. Sentir a alegria em nós e a certeza de que a vida acontece a nosso favor, mesmo quando por momentos saímos de rota. Depois, sentir a alegria de partilhar a vida com outra pessoa, reduzindo expetativas, sabendo que as relações tem um inicio e um fim, que se quer distante, mas que em algum momento, de alguma forma, vai surgir.


Confiança. Em quem? No outro? - há quem se comece já rir. Diria que também, mas sobretudo confiar em nós e na nossa capacidade de continuar a viver com alegria, mesmo quando uma relação termina porque deixámos de confiar no outro. Afinal, quem pode dizer que sente alegria quando tem a sensação de dormir com o inimigo?


Amar. Estar próximo. Partilhar. Dedicar. Se tudo isto parte de nós e se desejamos amar alguém, porque não ter a iniciativa? O que se pode perder em dar o primeiro passo, se sentimos alegria na vida e confiança em nós próprios? Se calhar podemos ter muito a ganhar, se reduzirmos o medo de perder. Se calhar a outra pessoa sente-se reconhecida, compreendida e amada. Se calhar até nos vai amar de volta. Se calhar, assim, o amor entre duas pessoas acontece, sem grandes complicações.


Será tudo isto lirismo? Haverá no ato de amar, com o risco de deixar de ser amado, alguma lógica?


Jonh Nash, matemático, Nobel da economia em 94, desenvolve um pensamento lógico: What truly is logic? Who decides reason? "It is only in the mysterious equations of love that any logic or reason can be found."


Amar é querer bem, muito bem a quem está ao nosso lado, enquanto está ao nosso lado e até quando deixa de estar... esta é a tal parte difícil e o truque para manter a alegria presente e afastar a tristeza de perder quem se amou. Não é possível sentir rancor, ódio, inveja de alguém se sentirmos compaixão. Quem desenvolve a arte de amar, aprende a sentir compaixão. Deixa de ter receio de sentir dor, deixa de sentir receio de amar. Cria o escudo protetor da paixão - compaixão.


Quando nos cruzamos com alguém na nossa vida é impossível saber se é a pessoa certa ou se é amor para toda a vida. A proposta que a vida oferece é a de conhecer essa pessoa, perceber os seus valores, as suas convicções, sentir amor e amar a desejar tudo, sem nada esperar.


Vamos lá aproximar, viver a Amar e talvez o resultado seja encontrar o tal Amor.




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