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INFIDELIDADE

Atualizado: 25 de jan. de 2022

As aventuras amorosas começam no champanhe e acabam na camomila.Valéry Larbaud


Viver infeliz num casamento custa menos do que ter a coragem de recomeçar só.

Assim, se abre uma brecha.


As passivas vítimas das circunstâncias clamam que tudo estava bem até entrar alguém.

Assim, se abre uma brecha.


A infidelidade surge quando decorre de um comportamento que carateriza a pessoa que é infiel ou quando há um afastamento entre o casal. São muitos os casos em que se trata de um afastamento emocional, que aumenta com o passar do tempo, quer pelas discussões sobre tudo e sobre nada, quer pelo pesado silêncio ou conversa circunstancial nos momentos a dois. Abre-se um espaço, que se torna maior, mais vazio, a cada mês que passa, a cada semana, a cada dia, a cada hora, a cada minuto, a cada segundo. Um espaço entre duas pessoas tão vasto, tão vazio, tão inóspito. Um deserto, onde se aprende a viver e a desejar um oásis.


O deserto avança porque se enfraquecem as raízes profundas da relação, a partilha das vivências diárias e a alegria das memórias e dos sonhos. Vive-se superficialmente, partilhando espaços, orçamentos, obrigações familiares, vida social e férias, deixando de partilhar recordações, objetivos, anseios, frustrações, pequenas e grandes conquistas. A relação esvazia-se de emoção. Instala-se o tédio. E, se cada um gosta de pensar que é uma pessoa interessante e nem sequer coloca isso em causa, claro é que a culpa de tal enfadonho tédio é do outro.


Isto leva-nos a outro vértice do sinal de perigo na relação. No início, a paixão traz consigo uma admiração cega. Quando a paixão cede lugar ao amor, a admiração persiste, talvez já não tão cega, mais consciente das fragilidades do outro. Essa consciência traz cumplicidade e faz nascer o companheirismo, num caminho de crescimento conjunto.


Pois, o tédio aniquila a admiração. Sem admiração, perde-se o desejo. Os três vértices do Sinal de Perigo na relação. O acidente acontece, logo a seguir, numa das curvas do caminho sinuoso que se traça, onde surge alguém, por quem nos apaixonamos ou encantamos. Uma aventura a que se brinda com champanhe e, que tarde ou cedo, garantidamente, traz uma indisposição. Uma aventura, não se revela a solução mais feliz para terminar um relacionamento e começar uma nova relação. Invariavelmente, o chá de camomila cairá bem.


Na verdade, não é a infidelidade que mata o amor. O que mata o amor é o tédio, a perda de cumplicidade e de intimidade. Se o amor entre duas pessoas se esgota, quando antes existia e era especial, deve-se à falta de zelo de ambas as partes. Ter esta consciência permite tapar brechas no caminho ou ganhar a capacidade de mudar de sentido, antes de ter um acidente que não deixa ninguém intacto.







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